sexta-feira, 10 de junho de 2011

“Quebrando o Tabu” discute descriminalização dos usuários de drogas com discernimento

Desde o dia 21 de maio, dia da polêmica Marcha da Maconha seguida pela Marcha da Liberdade de Expressão, a legalização do consumo da droga voltou a levantar questionamentos entre a opinião pública. No último dia 3 de junho a discussão ganhou um forte aliado, o documentário “Quebrando o Tabu”.



Com direção de Fernando Grostein Andrade (o mesmo de “Coração Vagabundo”), o filme conta com o argumento embasado de Fernando Henrique Cardoso. É o ex-presidente quem conduz “a voz” que propõe o debate, atuando também como entrevistador. Partindo da própria confissão de desconhecimento do tema enquanto estava no governo, Fernando Henrique assume a postura de sociólogo e viaja a procura de explicações e soluções. 

O trabalho da equipe aponta para o problema das drogas como um assunto global. O início da inclusão do usuário como um criminoso teria sido, segundo mostra o documentário, no governo de Richard Nixon, nos Estados Unidos. Nixon instaurou a chamada Guerra às Drogas em 1971 e, desde então, o mundo adotou a postura de tratar os viciados como delinquentes.

“Quebrando o Tabu” tem um discurso eloquente e com discernimento. Não faz apologia às drogas, mas mostra que desde antes da Grécia Antiga o homem faz uso de substâncias entorpecentes. Com depoimentos de personalidades como o ex-presidente norte-americano Bill Clinton, o médicoDráuzio Varella e o escritor Paulo Coelho – além de anônimos que usam ou já usaram algum tipo de droga – o documentário toma um sentido educacional. Reflete sobre o fluxo do tráfico como um processo cíclico alimentado pela demanda.

O curioso é notar que os ex-presidentes ouvidos pelo filme admitem a ineficiência do programa adotado pela maioria dos países. O longa aponta não só para o que comprovadamente não está dando certo, mas também indica possíveis caminhos em prática em lugares como Lisboa e Amsterdam, onde o vicio é tratado como problema de saúde pública, não de polícia.   

“Quebrando o Tabu” tem linguagem estética jovem, com ilustrações e infográficos animados. O tabu de qualquer maneira ainda está longe de ser quebrado, mas é necessário colocar o tema na mesa e espalhar o debate. Pena que o documentário esteja disponível em tão poucas salas pelo país.

Nenhum comentário:

Postar um comentário